Ao menos 10 prefeitos denunciaram esquema de pastores no MEC
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, foi apontado como suspeito de beneficiar pastores que atuariam com intermediação de verbas
Mariana Costa
Ao menos 10 prefeitos confirmaram a existência de um gabinete paralelo da Educação, no qual pastores supostamente atuaram na intermediação de recursos para escolas públicas. O caso foi revelado no início da semana, pelo jornal Estado de S.Paulo.
Dos 10, pelo menos três confirmaram que, em algum momento, escutaram pedidos de propina em troca da liberação de verbas.
A principal linha de investigação parte do envolvimento dos pastores Gilmar Silva dos Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), e Arilton Moura, assessor de Assuntos Políticos da CGADB. Eles não têm cargo público no ministério, mas supostamente participaram das agendas de Milton Ribeiro com muita frequência.
Segundo o prefeito de Luís Domingues, no Maranhão, Gilberto Braga (PSDB), Arilton Moura teria pedido 1 kg de ouro, em uma conversa no restaurante Tia Zélia, em Brasília, após almoço informal com a presença do ministro.
“Ele (Arilton) disse que tinha que ver a nossa demanda, de R$ 10 milhões ou mais, tinha que dar R$ 15 mil para ele só protocolar (a demanda no MEC). E, na hora que o dinheiro já estivesse empenhado, era para dar um tanto, X. Para mim, como a minha região era área de mineração, ele pediu 1 quilo de ouro”. Na quinta-feira, 24, Braga divulgou nota pública confirmando a denúncia publicada pelo jornal.
Segundo o Estadão, os prefeitos que confirmaram o esquema são:
Gilberto Braga – Luis Domingues (MA)
Kelton Pinheiro – Bonfinópolis (GO)
José Manoel de Souza – Boa Esperança do Sul (SP)
Outros prefeitos envolvidos:
Nilson Caffer – Guarani D’Oeste (SP)
Adelícia Moura – Israelândia (GO)
Laerte Dourado – Jaupaci (GO)
Doutor Sato – Jandira (SP)
Fabiano Moreti – Ijaci (MG)
André Kozan – Dracena (SP)
Edmario de Castro Barbosa – Ceres (GO)
Milton Ribeiro no STF
Ainda na noite desta quinta-feira (24/3), a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de inquérito, nesta quinta-feira (24/3), contra o ministro da Educação, Milton Ribeiro, em razão do suposto envolvimento no esquema de facilitação de verbas.
O inquérito busca apurar “se pessoas sem vínculo com o Ministério da Educação atuavam para a liberação de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), vinculado à pasta”.
A ministra pede que sejam ouvidos por autoridades policiais, em até 15 dias, Milton Ribeiro, os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura e os prefeitos Nilson Caffer, de Guarani D’Oeste (SP), Adelícia Moura, de lsraelândia (GO), Laerte Dourado, de Jaupaci (GO), Doutor Sato, de Jandira (SP), e Calvet Filho, de Rosário (MA).
Os suspeitos de envolvimento no esquema de favorecimento devem “esclarecer o cronograma de liberação das verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e os critérios adotados”. Os áudios divulgados pela imprensa, que relacionam o apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL), também devem ser periciados.