Copa do Mundo: Seleção vai unir o Brasil que a política separou?
Após eleições estremecer relações pessoais e uso político da camisa da seleção, torcedores contam que reuniões para assistir jogos devem ser afetadas
Rariana Pinheiro
Nessas eleições presidenciais, consideradas uma das mais polarizadas da história do Brasil, como já se sabe, ambientes familiares e círculos sociais serviram de campo de batalha para a divisão política. A maioria das famílias teve algum conflito motivado pela disputa nas urnas entre Lula e Jair Bolsonaro. Pessoas bloqueadas, gente saindo de grupo se tornaram o “novo normal'' das eleições. Porém, amanhã, a Seleção Brasileira estreia na competição mundial contra a Sérvia, às 16 horas. E a pergunta é: será que os jogos vão unir o que a política separou?
Vale lembrar que a própria camiseta da Seleção Brasileira entrou no imbróglio político: enquanto o bolsonarismo a usava para reforçar o seu dito patriotismo, os eleitores de Lula e outros candidatos, correram da camiseta, com receio de serem confundidos com eleitores de Bolsonaro. Foi criada até a versão vermelha da vestimenta.
Por outro lado há, inclusive, relatos de eleitores do atual presidente tentarem convencer os outros membros da família a também usarem a camiseta, utilizando-se como pretexto, a proximidade da Copa. E, pelas associações da camiseta com Bolsonarismo, a jornalista Helenira Araújo, que votou no futuro presidente Lula (PT), vai usar a camiseta da seleção brasileira, sim, mas na cor azul.
“Apesar de ter plena consciência que a bandeira é nossa, minha, sua, do Bolsonaro, do Lula e não de um partido político, eu vou voltar a usar verde e amarela. Mas no momento não estou com vontade. Ainda está muito fresco na minha mente, o uso das camisas da seleção pelos bolsonaristas e os movimentos antidemocráticos”, argumenta.
Festa da diferença
Na família da comerciante Thamires Almeida, as brigas entre familiares e amigos geraram saídas de grupo, ofensas, que devem abalar a convivência futura e, até as costumeiras reuniões para assistir aos jogos da Copa.
“Eu já sofri vários ataques, de forma direta e indireta. Não levo para o lado pessoal, só lamento por pessoas do meu convívio, não conseguirem separar as coisas. Da minha parte, não tenho nenhum ressentimento, mas acredito que algumas pessoas vão ter uma certa resistência para voltar a conviver”, explica.
Mas, se na família as diferenças causam desunião, em casa foi motivo de brincadeiras, aprendizado e serviu até como tema de aniversário. Casada há 13 anos com o também comerciante Alfredo Júnior, com quem tem dois filhos pequenos, enquanto escolheu votar no presidente eleito Lula, o marido preferiu fazer o símbolo da “arminha”. E ficou tudo bem.
“Nós lidamos muito bem com as diferenças na política, sempre respeitamos o pensamento um do outro. Sempre tivemos liberdade de expressar nossos posicionamentos, mesmo quando são opostos em certos momentos, em um relacionamento saudável isso é crucial”, salienta.
Democracia
E, se no mundo estava difícil ensinar aos filhos que as diferenças e discussões saudáveis norteiam o mundo democrático, na tranquilidade de seu lar, o casal pôde dar essa lição. “A melhor forma de ensinar sobre democracia, é respe