Eleições 2026: “Em briga de pedra, cabaça vira pó”

Eleições 2026: “Em briga de pedra, cabaça vira pó”
Foto: Divulgação

Assim como em 2022, não há (e nem haverá) em 2026 espaço para terceira via nem em Goiás e nem no Brasil

Marcus Vinícius de Faria Felipe

Batista Custódio dos Santos foi, na minha opinião, o maior nome do jornalismo em Goiás. Editorialista brilhante, profundo conhecedor da política goiana,  ele fundou  o Cinco de Março e o Diário da Manhã, jornais que entraram para história da imprensa goiana.

O Cinco de Março foi um jornal semanário fundado em 1959  e tinha  este nome para homenagear os estudantes mortos em confronto com a polícia no governo de José Feliciano (1959-1961), quando protestavam por melhoria na qualidade do ensino e pelo direito de pagar meia passagem de ônibus. O Diário da Manhã, foi iniciado no dia 1º de março de 1980 com  os melhores quadros do jornalismo goiano e nacional, e abraçou a redemocratização e o movimento Diretas Já.

Batista nos deixou em novembro de 2023, e retomo sua memória para lembrar de uma de suas muitas frases de impacto:

Em briga de pedra, cabaça vira pó”!

A afirmação diz respeito às eleições de 2022, analisando o desempenho dos candidatos “Terceira Via” na disputa entre Jair Bolsonaro (PL), que buscava a reeleição, e Lula (PT), que tentava retomar a presidência.

Em Goiás Bolsonaro tinha dois apoiadores que disputavam o Palácio das Esmeraldas, sendo o principal deles o governador Ronaldo Caiado (UB), candidato a reeleição e o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Gustavo Mendanha (Patriotas), que se colocava como novidade no campo da oposição. Já o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) fez a escolha “nem-nem” e não indicou apoio nem a Lula e nem a Bolsonaro.

Foi neste sentido que Batista Custódio fez a assertiva: “Em briga de pedra, cabaça vira pó”! Traduzindo: numa disputa política polarizada entre duas forças antagônicas, um terceiro que entra no meio, sem escolher um dos lados, acaba sendo trucidado pelos dois combatentes.

Aconteceu com Marconi Perillo o mesmo que se sucedeu com o ex-ministro Ciro Gomes (PDT): isolamento e perda da eleição.

Ciro Gomes e Marconi Perillo erraram na estratégia em 2022

As eleições de 2026 estão logo alí na esquina e a polarização continua.

Bolsonaro é carta fora do baralho, mas o bolsonarismo ainda tem força, considerando que Lula já declarou que vai disputar a reeleição. Assim como em 2022, não há (e nem haverá) espaço para terceira via nem em Goiás e nem no Brasil.

Caiado já definiu que o vice-governador Daniel Vilela (MDB) será o seu sucessor e trabalha para que seja eleito. Caiado também é pré-candidato à presidência da República, e todo o seu esforço é no sentido de atrair o eleitor bolsonarista para sua campanha, e para o palanque de Daniel, fidelizando uma parceria pode dar aos bolsonaristas a eleição de um senador em Goiás.

Lula vem forte em 2026

O campo de direita em Goiás está selado e sacramentado, principalmente com a possibilidade de Jose Mario Schreiner ser o candidato a vice de Daniel Vilela. Presidente da FAEG (Federação da Agricultura de Goiás), Schreiner é o grande representante do agronegócio do Estado. Também conta a seu favor sua conduta política de moderação, que acrescenta muito à campanha governista.

A soma de todos estes apoios projeta para Daniel Vilela um caminho suave para a reeleição, e até pode ser que ele vença por W.O.

Explico.

A oposição está desorganizada em Goiás. O PSDB de Marconi estuda federação com Podemos e Solidariedade que pode nem sair do papel. E a ideia das três legendas é se colocarem como alternativa tanto ao bolsonarismo, quanto ao lulismo. Ou seja, outro projeto “cabaça” numa segunda “guerra de pedras”. A chance de dar certo é menor que zero.

Em Goiás a oposição só derrota candidato de governo quando está unida. Foi assim com Iris Rezende em 1982, com o próprio Marconi Perillo em 1998 e também com Ronaldo Caiado em 2018, que só foi eleito governador porque trouxe para o seu lado o prefeito de Goiânia Iris Rezende, maior nome da oposição ao marconismo, que naquele ano somava 20 anos de poder inimterrupto em Goiás.

Não vai faltar pedra em 2026.

As cabaças que se cuidem.

(POR ONZE DE MAIO)