Gestões Lula e Dilma: Senador Luiz do Carmo pede abertura de CPI dos Correios
Senador Luiz Carlos do Carmo (PSC), pré-candidato a reeleição, requereu ao presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD), na manhã desta terça-feira, 12, a abertura de outra CPI, desta vez dos Correios. O documento, ao qual o Jornal Opção teve acesso em primeira mão, aponta que o objetivo da peça é investigar supostos atos de corrupção das gestões petistas de Lula e Dilma na empresa, entre os anos de 2003 a 2016. O pedido será protocolado hoje à tarde e a coleta de 27 assinaturas está prevista acontecer nesta quarta-feira, 13.
Na justificativa, o senador, que é um dos principais aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional, relembra que a empresa pública foi alvo, no passado, de supostos escândalos de corrupção. O mais conhecido, em 2005, deu origem ao episódio do Mensalão. Em 2016, houve a operação Greenfield, que investigou a gestão temerária e fraudulenta em fundos de pensão de empresas estatais, dentre eles, o Fundo de Pensões dos Correios, o Postalis. “O descalabro na gestão dos Correios foi tão grande que, conforme matéria pública pelo jornal O Globo, uma auditoria da Controladoria Geral da União (CGU), responsabilizou o Conselho de Administração e a Diretoria Executiva dos Correios por não tomarem medidas que evitassem a dilapidação do patrimônio da estatal. Isso porque a parte dos lucros e outros dividendos da empresa repassados para a União entre 2011 e 2013, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, ficaram muito acima do que o recomendado, comprometendo a saúde financeira dos Correios. Em 2015, a situação chegou a tal ponto que a empresa teve um prejuízo de R$ 2,1 bilhões”, sublinha o parlamentar, no documento.
Na visão de do Carmo, os Correios só voltaram a registrar lucro em 2017, na então administração do ex-presidente Michel Temer (MDB). “Depois de acumular prejuízos de quase R$ 3,9 bilhões de 2013 a 2016, os Correios somente voltaram a registrar lucro a partir de 2017. Em 2021, a ECT [Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos] registrou um lucro recorde de R$ 3,7 bilhões. Diante desse cenário de má gestão e sucessivos escândalos de corrupção, requeremos a criação desta Comissão Parlamentar de Inquérito, a CPI dos Correios, para que o Senado Federal possa investigar os atos lesivos ao patrimônio da ECT, durante os anos de 2003 a 2016”, arremata o requerimento.
CPI do MEC
Por outro, do Carmo e Vanderlan Cardoso (PSD) são contra a abertura da CPI, proposta pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), para investigar o MEC sob alegação de que se trata de uma proposta eleitoreira. Entre os representantes de Goiás no Senado, apenas Jorge Kajuru (Podemos) é favor e assinou o requerimento de abertura das apurações. Conforme mostrou o Jornal Opção, os pastores goianos Arilton Moura e Gilmar Santos, ligados à Igreja Ministério Cristo para Todos, em Goiânia, são acusados de envolvimento no esquema de corrupção do Ministério da Educação que ‘derrubou’ o então titular Milton Ribeiro.
De acordo com o prefeito de Bonfinópolis, Kelton Pinheiro (Cidadania), os pastores, em março do ano passado, durante almoço com prefeitos em Brasília, chegaram a cobrar propina de R$ 15 mil para viabilizar a construção de uma escola com 12 salas, orçada em R$ 7 milhões, no município que ele administra. O assunto está em tratativa na Comissão de Educação do Senado, que já ouviu outros três prefeitos e todos reiteram que os religiosos exigiram dinheiro em contrapartida para liberação de recursos públicos da pasta, mas Randolfe tenta fazer o tema evoluir para uma CPI.
Luiz do Carmo se posiciona contra as investigações argumentando que se trata de uma CPI política com objetivo de “sangrar” o presidente, que tens fins eleitoreiros, já que estariam com medo de “enfrentar o presidente no voto normal”, e ainda pode “parar o Brasil de novo”. Bolsonaro foi ligado ao caso porque, em um áudio, Milton Ribeiro diz que “a prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, segundo, atender a todos os que são amigos do pastor GIlmar” por uma orientação que o presidente teria dado em relação a “questão do Gilmar”. Segundo ele, o pastor vendeu facilidades para os prefeitos, mas o presidente e o ministro não sabiam de nada. Ele acredita que as investigações do caso devem ficar a cargo do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia FederaL (PF), pois CPI deve ter como foco coisas graves e a crise no MEC, para o senador, é coisa “muito pequena.”
(Por Eduardo Marques - Jornal Opção)