Lucas Calil foi iluminado ao sugerir o nome de Maguito Vilela para o Estádio Serra Dourada
Por CLEBER FERREIRA
No momento em que estou escrevendo este texto, acontece na Catedral Metropolitana de Goiânia o missa de sétimo dia pela morte de Luiz Alberto Maguito Vilela. Minhas orações continuarão sendo feitas de casa, por fazer parte do grupo de risco da Covid 19, mal que matou Maguito aos 71 anos de idade.
Maguito foi um político conciliador, habilidoso, democrata e vitorioso. Foi vereador em Jataí, deputado estadual, deputado federal constituinte, governador de Goiás, senador da República, prefeito de Aparecida de Goiânia e morreu eleito prefeito de Goiânia – a morte não respeitou o desejo do povo goianiense de tê-lo administrando a Capital pelos próximos quatro anos.
Deixou imenso legado em todas as áreas, com sobrepujança na Assistência Social e no esporte, principalmente o futebol. Na verdade foi o único governador verdadeiramente desportista em Goiás – ele amava a bola, tanto que duas vezes por semana jogava futebol, até os últimos dias em que gozou de saúde plena.
Maguito veio para a política do futebol e o nome que ele adotou como político é oriundo do futebol: ele foi jogador. Passou por dois times profissionais, a Jataiense e o Atlético Goianiense. Era atacante, velocista e marcador de gol. Começou a carreira na Jataiense e, naturalmente, na reserva. Quando o time tomava um gol, a torcida clamava para que ele entrasse no jogo. Como era muito magro, os torcedores não gritavam Luiz Alberto, mas Magrito. Ao se tornar titular na Jataiense, se destacou e foi contratado pelo Atlético.
Lá em Jataí o apelido Magrito pegou, mas o Atlético não achou o nome bom para um atacante, passando a chamá-lo de Vilela. Quando o contrato venceu quis voltar para a Jataiense e voltou. Para a diretoria, anunciar o retorno de um ídolo da torcida era muito interessante e por isto não dava para anunciar o Vilela. Havia também um entendimento de que o codinome Magrito era pejorativo e foi assim que ele virou Maguito.
Quando se candidatou a vereador na cidade, precisava ligar o candidato ao artilheiro da Jataiense e registrou a candidatura como Luiz Alberto Maguito Vilela: no santinho a identificação era só Maguito Vilela. E foi como Maguito Vilela que ele ocupou todos os cargos públicos da vida. Quando a lei facultou a inclusão dos codinomes no nome de registro, ele incluiu e passou a ser oficialmente Luiz Alberto Maguito Vilela.
Disse que ele deixou legados em todos os setores da gestão pública, com destaque para a assistência social e o esporte, especialmente para o futebol. Era torcedor do Goiás, mas na hora de auxiliar o futebol goiano, não priorizava o clube do coração – fazia parte da sua índole de democrata.
Na condição de governador, bancou sistemas de iluminação para todos os estádios dos clubes profissionais da Capital e do Interior de Goiás. Aqueles que não tinham o estádio receberam o valor equivalente, para investir na melhoria da infraestrutura física (o dinheiro não podia ser investido na contratação de jogadores ou outra área qualquer, só na estrutura física).
Foi assim que o Estádio Onésio Brasileiro Alvarenga (Vila Nova), Antônio Accioly (Atlético) e Hailé Pinheiro (Goiás) e os do interior de Goiás ganharam a iluminação. Acabou a época dos jogos de meio de semana serem jogados no período vespertino e os de final de semana iniciarem debaixo do calor escaldante do sol das três da tarde, para não correr risco da noite chegar antes do final da partida.
Fez mais….muito mais. A convite do ex-presidente da Federação Goiana de Futebol Wilson da Silveira (também já falecido) topou ser vice presidente da FGF, para ter o prestígio de governador usado para que grandes jogos da Seleção Brasileira viessem para o Estádio Serra Dourada e para auxiliar na capitação de patrocínio para as competições regionais e nas camisas dos times. Neste período, sempre que havia um jogo de competição nacional decisivo para um clube goiano, ele ia e naturalmente usava a força do posto de governador, para evitar armações de bastidores contra as nossas equipes.
Quando deixou o governo de Goiás e se elegeu senador da República, atendendo pedido do mesmo Wilson da Silveira, aceitou ser vice presidente da CBF e outra vez foi fundamental para abrir mais vagas nas competições nacionais para os clubes goianos.
Também auxiliou evitar a escalação de árbitros acostumados a apitar prejudicando nossos clubes, nos jogos das competições nacionais e até na convocação de jogadores goianos, como Valdeir e Túlio Maravilha para a Seleção Brasileira. Como toda esta mobilização era feita na articulação de bastidor, só os mais próximos sabem disto.
Ao chegar na prefeitura de Aparecida de Goiânia, a Aparecidense estava empacada em dívidas e problema de gestão. Caminhava a passos largos para a extinção. Chamou seu amigo particular, João Rodrigues, mais conhecido como Cocá, que atuava no futebol profissional do Goiás, como executivo e determinou que o mesmo desenvolvesse um projeto de reerguimento da Aparecidense e o time adquiriu a força que possui atualmente. Cocá também morreu de Covid 19, pouco mais de três meses antes de Maguito.
Num lampejo de luz, o deputado estadual Lucas Calil (PSD), deixando de lado a divergência partidária, para valorizar a nobreza do merecimento, apresentou na Assembleia Legislativa uma proposta para a inclusão do nome de Maguito Vilela ao do Estádio Serra Dourada, que durante a gestão do ex-governador foi muito bem cuidado. Se a proposta for aprovada, o nome da praça esportiva passará ser Estádio Serra Dourada Governador Maguito Vilela.
Como afirmei, foi um momento de luz, quando a ideia refletiu na cabeça do deputado. Não poderia ser mais justa a homenagem. Ninguém merece mais do que Maguito Vilela a honraria de ter seu nome oficializado no nome do principal estádio do futebol goiano. Nunca é demais lembrar que Maguito foi o único ex-jogador de futebol que ocupou a governadoria do Estado.
Espero que os deputados estaduais sejam tão sensíveis, quanto foi Lucas Calil e aprovem a proposta.