ARTIGO: PARÁ 2023-GOIÂNIA 2030: 17 objetivos globais de desenvolvimento sustentáveis locais

ARTIGO: PARÁ 2023-GOIÂNIA 2030: 17 objetivos globais de desenvolvimento sustentáveis locais
Foto: Divulgação

Fred Le Blue Assis
Pós Doutor do TECCER UEG

Assim como o continente amazônico, o cerrado é também um dos biomas que mais tem perdido território no país. Sofrendo a ação de atividades econômicas que se confundem com o brasão do Estado de Goiás, a mata tem sido derrubada com status de efeito colateral inevitável do progresso do agronegócio, a nova locomotiva do país. O imaginário urbano coeso que projeta Goiânia como capital do agronegócio ou a Meca da música sertaneja, contribui no campo das mentalidades culturais e políticas públicas também para a falta de diversificação de fontes de rendas, que poderia incluir, de forma mais expressiva, o turismo e o agronegócio sustentável. 

Apesar de Goiânia ter sofrido muitas desafetações de áreas públicas doadas, vendidas e griladas, a capital do Cerrado ainda é uma das cidades verdes do mundo. Após os moradores da de Goiânia assumirem esse predicado em sua sua identidade coletiva, por meio de  educação urbana e ambiental, a cidade poderá ser exemplo no Estado de boas práticas de formas de transformar suas ricas áreas de verde urbanizado em ícones de uma cultura e desenvolvimento urbano sustentável ímpar.

Pensando nisso, o GT "Goiânia, Capital de 2030", tem atuado na contramão da história para quebrar os padrões mentais que cristalizaram esteriótipos socioespaciais reducionistas da capital do Estado. Em uma primeira fase desse projeto de educação patrimonial do Movimento ARTetetura e HUMANismo, que se iniciou em 2021, o objetivo foi a refundação e preservação do patrimônio edificado e natural, enquanto signo histórico da Revolução de 1930 e do Urbanismo Moderno.

Diversas reportagens especiais, documentários etnográficos e produções acadêmicas sobre questões socioambientais, urbano-patrimoniais e sociomuseologicas já foram divulgadas, visando autenticar a memória social da cidade enquanto capital planejada símbolo do urbanismo (paisagismo) moderno e do anticoronelismo político. Na busca por um projeto de cidade e sociedade inteligente, educadora e sustentável, o coletivo tem aglutinado backgrounds, ancorados por uma cidadania participativa e responsiva, signatária do Direito à Cidade e da Agenda 2030.  

Em 2023 o "Goiânia, Capital de 2030" está propondo um projeto de extensão para elencar 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, de forma localizada. A proposta visa fomentar ideias urbanas sociambientalistas efetivas, compatíveis com alguns desses 17 ODS, para os diversos bairros da cidade, dando assim um cor-local às 17 cores da Agenda 2030. Também estão previstas uma ação social por meio de uma campanha educomunicativa de divulgação científica sobre sustentabilidade e urbanidade, por meio de uma gincana de doações para ONGs que se enquadrem em cada um dos 17 ODS (https://goiania2030.weebly.com/), permitindo popularizar esse tema em Goiás e no Brasil. 

Por mais que as áreas do Cerrado sejam escassas na capital, a valorização do meio ambiente urbano em harmonia com a natureza, pode influenciar práticas socioambientais responsáveis. Se a nossa música, carne e soja chegaram tão longe, por que não exportar créditos de carbono?